O oposto de se estar sozinha

Eu já quis me perder dentro de alguns olhos.
Ja quis mergulhar numa flor.
Já quis que nunca acabasse…que tudo mudasse de cor.
Eu já quis provar todas as nuvens.
Que cada pôr-de-sol tivesse um sabor.
Já quis que a terra tivesse cheiro de chocolate.
Eu já quis voar tão e tão alto que o mundo parecesse habitado por formigas.
Já quis entrar dentro de um formigueiro, no quarto da Rainha.
Eu nunca quis que fosse diferente.
Eu já quis inventar a noite.
Já quis que a água tivesse cor de acordo com a temperatura.
Já imaginei meu pé como massinha, para moldelar.
Já quis que puxando um fio de cabelo meu, ele crescesse até eu decidir parar.
Eu já quis que alguns sons fossem reguláveis momentaneamente, como o latido de um cão mão-humorado.
Eu já quis que momentos se repetissem,que um beijo fosse eterno.
Já quis que a música nunca parase de tocar, para eu continuar dançando.
Eu já quis que toalhas de banho não fossem tão engomadas.
Eu já quis que o gosto de tudo na boca, fosse sempre novo, sempre imprevisível.
Eu já quis que não houvessem momentos inusitados.
Já quis ser sempre criança. Já quis ser gente grande.
Eu já quis não ter sentido.
Eu já quis sentir alguém bem perto.
Quase dentro.
Já quis, com um pincel fino, mudar a cor da lua.
Derramar outras aquarelas sobre o mar.
Eu já quis que só agente existisse.
Já quis não ter segredos.
Eu já quis ser toda de gelo.
Já me senti no ponto mais alto do céu.

(Poesia feita por Raíssa)