domingo, 19 de setembro de 2010




As coisas por aqui passam na velocidade de um semestre.

Agora entendo porque tanta gente confunde semestre com ano...afinal, parece que faz tanto tempo que tudo começou.
A gente chega com medo, receio, inseguranças e transborda todas elas ali na sua pele, no seu estômago, no seu olhar.O que fazer? Com quem falar? O que falar? O que vão pensar de mim?Não sabia o que esperar de ninguém, imaginei todos eles como folhas em branco, e aos poucos, em cada contato, fui traçando a linha do perfil de cada um.
Mas no fim de tudo, como eu estava errada.As pessoas se parecem mais com caleidoscópios, formando imagens diferentes a cada dia.
No fim de tudo, achamos que sabemos lidar com cada uma.
Mas no fundo, não sabemos qual foi caminho deles até chegar aqui, como chegamos nesse ponto comum chamado faculdade.
e eles, menos ainda, sabem lidar com você.

...

Eu vi que não devemos julgar ninguém.
amanhã essa pessoa pode ser a única a te ajudar.
amanhã essa pessoa pode ser a única a te entender.
a única a compartilhar.
amanhã você pode estar andando com outras pessoas.
se divertindo com outras coisas.
se decepcionando por outras.
não sabemos.

.

sábado, 14 de agosto de 2010

As cicatrizes.


Um ano e um mês de cura! (Fogos)
Situação: Mesmo peso, cabelos maiores, escuros e cacheados (!),estudante de Biologia da UNESP,um ano sem se apaixonar,desenhando sempre que pode, mas nunca pra ela mesma, sedentária,insegura e chorona.
Pensei que a sensação de estar curada iria se sobrepor a todas as outras sensações ruins que o tratamento me fez passar.No começo foi assim, levei o mesmo otimismo que eu tinha nas internações junto comigo pra todos os lugares, esbanjando cura.Mas ai voltei pra realidade, tinha se passado quase um ano, eu estava careca, com medos que não tinha antes, e totalmente insegura.Onde já se viu , eu, insegura? Em 2008 eu fazia teatro, clown, dança contemporânea, cursinho,estava feliz com a minha aparência, meu peso, meus estudos.Para onde tudo isso foi?Não sei dizer, achei que iria saber um ano depois da cura, mas acho que isso vai demorar.
Passei no vestibular, entrei na UNESP, estou fazendo Biologia, quem diria também?
Gosto da universidade, dos meus novos amigos (e os velhos cadê?), e de poder ter a minha casa quando quero me esconder do mundo (o que acontece muitas vezes).Biologia é legal, mas fica logo abaixo de desenhar.
As pessoas não entendem que toda vez que eu olho no espelho, que eu vejo meu rosto, que eu penteio um cabelo que nunca foi meu e que eu uso roupas que eu não queria usar mas que são as únicas servem em mim eu desabo literalmente.O gosto da comida voltou, o fôlego também, as pontas dos dedos,o estômago, a boca.
Queria ser que oq eu era antes, pelo menos por fora, pelo menos em corpo, e não entendo pq é tão difícil.Pq é tão difícil me concentrar na vida que eu tenho agora.
E pq as pessoas tem que me mandar ser feliz?
Eu demonstro ter uma vida tão infeliz assim?
Só pq eu gosto de ficar em casa me entupindo de porcarias, na internet o dia todo, assistindo coisas engraçadas e sem fundamento, sozinha, sim, eu consigo ser feliz no meu quarto, tenho tudo que preciso nele.Fico feliz com pouco.Uma folha de sulfite branca, um lápis e criatividade.

não sei.

brava seria uma palavra melhor.

...

terça-feira, 6 de julho de 2010





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As vezes eu sinto que tudo parece escorrer pelos meus dedos.
É como se um ano inteiro fosse passar em uma semana.
E eu aqui, em pleno estado de dormência.
Já se foi um ano, e ainda não mudou nada.
Já fui mais forte.
Já chorei menos.
Já desisti menos.
E todas as coisas que me atingem parecem inflar e acabam por me sufocar aos
poucos.
Me dá vontade de desistir e chorar.
Mas não desisto por completo, e só choro.



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Ontem meus sonhos bateram na porta,eu abri, os convidei para entrar e tomar
um café ou um suco.O primeiro sonho aceitou o café,o segundo não quis nada e o
terceiro disse que só deu carona ao primeiro sonho e que não podia entrar.


Perguntei porque conviver com os meus sonhos não me fazia feliz.


O segundo sonho, que tinha negado o café, disse que a pessoa que havia
sonhado com tudo isso já não existia mais, e que eu teria que modelar novos
sonhos a partir da realidade que eu tinha agora.



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domingo, 7 de março de 2010




Minha ausência aqui foi pelo fato da minha cabeça ter entrado um pouco nos eixos (será?), pelo menos parece que está as vezes.É pelo fato de ter voltado a estudar, e desta vez sem reclamações em relação a matemática.É pelo fato do meu cabelo estar enorme e rebelde.E de me reconhecer um pouco mais quando me olho no espelho.É pelo fato de não ter me apaixonado por ninguém mais.É pelo fato de estar com medo de muitas coisas ainda.É pelo fato de me cobrar muitas vezes.É pelo fato de não ser a mesma.De não gostar das mesmas coisas e de estar literalmente uma VELHA coroca.

Hoje perguntei pra minha mãe o que ela achava de me ver o tempo todo em casa, mesmo de fins de semana.E ela disse que eu talvez tenha amadurecido e mudado em um tempo muito curto, achando certas coisas que antes me divertiam em coisas de segunda importância.Ou que eu tenha me acostumado a ficar sozinha e me adaptado a ignorar o que as outras pessoas estavam fazendo enquando eu vivia em ócio.Eu chamo isso de pura preguiça.

Voltar a estudar e me relacionar com as pessoas é muito bom.Melhor ainda é conhecê-las aos poucos e ver que todos nós somos seres humanos, e que lidamos com os problemas que aparecem no nosso caminho, ou no meu caso, lidamos com o reflexo deles.Mas estamos ali, com um mesmo objetivo, ocupando nossas cabeças, nos distraindo com as risadas dos outros,convivendo,aprendendo e respeitando esses seres humanos.Aos poucos vamos nos compartilhando,...medos, alegrias, gostos...tudo acompanhado de um bom café ou chá de gengibre.E mesmo que o dia tenha amanhecido chuvoso...já não nos lembramos do frio ou do cinza depois do primeiro abraço.





um beijo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Como se eu fosse paciente...

Primeiramente quero dizer que ao saber que o Tadeu tinha ido fiquei sem saber o que pensar ou agir,queria correr até São Paulo, queria poder dizer alguma coisa, mas nessas oras todos esses sentimentos se reunem em uma coisa só: chorar.Mesmo nunca tendo estado fisicamente perto dele e da Bruna ,eu e muitas outras pessoas compartilharam do seu dia a dia, de cada tratamento, de cada efeito colateral e de cada chance.E isso, por mais longe que estejamos ,oramos por ele, e aguardávamos as notícias da Bruna, ansiosos por uma alta definitiva.Fico feliz que todo essa luta foi regada por muito amor por parte de todos que cuidavam dele.Que ele possa ficar em paz, e que ele desfrute, finalmente da sua alta. E Bruna, tenha certeza de que no futuro, quando chegar a sua hora, ele vai estar lá,te esperando,todo cabeludinho, rindo, de braços abertos.

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Hoje eu fui na Unesp com a minha mãe buascar alguns remédios para o meu avô.
Cada vez que eu via alguém de lenço, ou careca, ir pra quimioterapia, eu sentia que tudo voltava, me colocava no lugar da pessoa,lembrava de tudo o que sentia quando ia pra casa.Isso me fez sentir que eu preciso me ligar e ajudar essas pessoas de alguma forma.

Tratamentos seguem caminhos diferentes, alguns se curam, outros não, alguns se curam e depois a doença volta, mas isso de alguma forma eu entendo, é algo muito maior que determina isso.Algo que eu senti quando recebi o diagnóstico e inesperadamente me deu uma calma de monge.
Mas também sei que eu recebi o diagnóstico e lidei com ele de outra forma, bom, meus 10 kg a mais podem dizer isso muito bem,..e sim, perdi 4 kg, que foram de corticóides, o resto é fato: pura gordura derivada de excessos alimentares.

O importante é que as provas estão aí pra gente poder lidar com elas, e aprender com elas.
Por isso,esse ano, receba de frente tudo o que tiver que acontecer,desde um tumor, um cabelo crespo,uma espinha,uma unha encravada, um nascimento,uma morte,uma chuva,um fora, uns quilinhos a mais...
Afinal, a chuva passa...e depois dela o sol vai estar lá, vai deixar tudo mais brilhante e fresquinho, esperando que a gente coloque um biquini...

um beijo!